Revista Docentes

Ensino e Filosofia

Gerente Revista Docentes — 2024-06-04

O Ceará se avulta pela relevância que a filosofia e seus profissionais adquiriram recentemente o que se expressou pela manutenção da disciplina no contexto escolar do ensino médio, a despeito da nova BNCC e pela propagação de eventos acadêmicos dedicados ao tema do ensino de filosofia. Dentre os eventos acadêmicos destinado a discutir filosofia se destaca o Encontro Cearense dos Professores de Filosofia que já se encontra na sua III Edição.
Após um longo período excluída da grade curricular, a disciplina de filosofia voltou ao currículo do ensino médio em 2008, por meio da Lei nº 11.684, que alterou o art. 36 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), e reestabeleceu a inserção da filosofia como disciplina obrigatória no ensino médio. No entanto, o lugar da filosofia na escola permanece incerto e ameaçado após a aprovação do Novo ensino médio em 2017 que estabeleceu uma nova Base Nacional Curricular Comum (BNCC) que diluiu a filosofia na área do conhecimento de ciências humanas e tornou seu caráter disciplinar incerto. Nesse contexto, o Encontro Cearense dos professores de filosofia é uma forma de marcar posição defendendo e fortalecendo o papel e o lugar da filosofia na escola cearense. O presente dossiê é resultado dos trabalhos apresentados no III Encontro Cearense dos Professores de Filosofia: o lugar da filosofia é (também) na escola, ocorrido de 10 à 11 de agosto de 2023 na cidade de Juazeiro do Norte, no Cariri cearense, o que expandiu o evento para além da capital que chegou ao interior do estado.
Como já é tradição, o artigo de abertura do dossiê é um o relato de experiência da organização e realização do encontro. Em III Encontro Cearense de Professores de Filosofia na UFCA (Juazeiro do Norte): trajetória, reflexões e perspectivas para o ensino de Filosofia no Ceará. Antônio Alex Pereira de Sousa, Camila do Espírito Santo Prado de Oliveira, Debora Klippel Fofano, Elizabeth Bezerra Furtado Bolzoni e Francisco José Assunção da Silva destacam o papel essencial das diversas pessoas e instituições envolvidas na organização do evento, que proporcionou um espaço vital para diálogo, formação e resistência. Os resultados dos Grupos de Trabalho revelaram a variedade de temas e abordagens presentes na prática pedagógica dos professores de Filosofia, enfatizando a importância do debate e da reflexão para o aprimoramento contínuo do ensino. A análise dos artigos dos dois primeiros encontros demonstrou não apenas a evolução do evento, mas também a consolidação de uma comunidade dedicada a promover uma educação crítica e transformadora.

Convidamos todos(as) a lerem os artigos científicos e relatos de experiências elaborados pelos participantes do III Encontro Cearense de professores de filosofia e desejamos que você, caro leitor, desfrute de uma leitura
prazerosa de cada um destes escritos.

Gostaríamos de dedicar este número da Revista Docentes a memória do camarada Manoel Messias Rodrigues da Costa, que infelizmente nos deixou precocemente no dia 22 de abril de 2024. Messias era um participante assíduo dos encontros e demais eventos de filosofia no Ceará e sua partida deixa uma lacuna que dificilmente será preenchida. Messias Nash, PRESENTE!

III ENCONTRO CEARENSE DE PROFESSORES DE FILOSOFIA NA UFCA (JUAZEIRO DO NORTE): trajetória, reflexões e perspectivas para o ensino de filosofia no ceará

Francisco José Assunção da Silva — 2024-06-04

O III Encontro de Professores de Filosofia do Ceará, realizado na Universidade Federal do Cariri (UFCA), em Juazeiro do Norte, destacou-se como um marco significativo na história desses eventos, reafirmando a relevância e o compromisso com o ensino de Filosofia no Estado. Este trabalho destaca o papel essencial das diversas pessoas e instituições envolvidas na organização do evento, que proporcionou um espaço vital para diálogo, formação e resistência. Os resultados dos Grupos de Trabalho revelaram a variedade de temas e abordagens presentes na prática pedagógica dos professores de Filosofia, enfatizando a importância do debate e da reflexão para o aprimoramento contínuo do ensino. A análise dos artigos dos dois primeiros encontros demonstrou não apenas a evolução do evento, mas também a consolidação de uma comunidade dedicada a promover uma educação crítica e transformadora. Assim, o III Encontro de Professores de Filosofia do Ceará não apenas celebrou conquistas passadas, mas também delineou novos horizontes e desafios, reiterando o compromisso dos educadores e filósofos com uma educação pública, plural e emancipatória para todos os cearenses.

Abstract:

The III Meeting of Philosophy Teachers of Ceará, held at the Federal University of Cariri (UFCA) in Juazeiro do Norte, stood out as a significant milestone in the history of these events, reaffirming the relevance and commitment to the teaching of Philosophy in the state. This work highlights the essential role of the various individuals and institutions involved in organizing the event, which provided a vital space for dialogue, training, and resistance. The results of the Working Groups revealed the variety of themes and approaches present in the pedagogical practice of Philosophy teachers, emphasizing the importance of debate and reflection for continuous improvement in teaching. The analysis of the articles from the first two meetings demonstrated not only the evolution of the event but also the consolidation of a community dedicated to promoting critical and transformative education. Thus, the III Meeting of Philosophy Teachers of Ceará not only celebrated past achievements but also outlined new horizons and challenges, reaffirming the commitment of educators and philosophers to a public, plural, and emancipatory education for all citizens of Ceará.

O PAPEL DO ENSINO DE FILOSOFIA AFRICANA NO PROCESSO DE RESGATE DA ANCESTRALIDADE NEGRA

Virgínia Braga da Silva Santos — 2024-06-04

A presente pesquisa objetiva refletir sobre o papel do ensino de filosofia africana no resgate da ancestralidade
negra. Entende-se que o apagamento negro faz parte da lógica racista em que ele está inserido. Afinal, se
conhecer-se é o primeiro passo para afirmar-se, como fazer alguém identificar-se com as suas origens se elas
lhe são negadas? A identidade negra pode ser resgatada a partir de um esforço de restauração da história e
reconexão com a ancestralidade por meio do ensino das africanidades, sobretudo, o ensino da filosofia africana.
Reivindicar o direito à filosofia é exigir o que há de mais fundamental na tradição ocidental, é o que faz Muniz
Sodré ao criticar o fato da perspectiva europeia ser tomada como mais válida que qualquer outra, chegando a
questionar se é possível filosofar fora das dimensões europeias. Nesse sentido, no ensino de filosofia africana
repousa a possibilidade de reencontro com as africanidades. Para que isso se esclareça, é feita uma pesquisa
bibliográfica que analisa como se dá o ensino de filosofia africana, sobretudo, após a implementação da lei
10.639, bem como quais desafios esse ensino enfrenta nas escolas. Para tanto, são referenciados autores como
Muniz Sodré, Silvio Almeida e Renato Noguera.

EDUCAÇÃO SEGUNDO NIETZSCHE: propostas de uma filosofia para a vida

Clebem Sales da Silva — 2024-06-04

O presente artigo é um breve apanhado da crítica de Nietzsche sobre o sistema educacional alemão de sua época que ao invés de possibilitar o desenvolvimento integral do homem com valores que promovessem o amor à vida e a elevação cultural, foi responsável por promover uma espécie de mediocrização do indivíduo. Para esse propósito, utilizamos como base o livro Assim falou Zaratustra de Nietzsche como ponto central desta discussão. A partir deste processo, entendemos a filosofia nietzschiana como uma espécie de rota para o ensino de filosofia, ou seja, uma educação de valorização da vida. Assim, na crítica do modelo educacional e a proposta da educação à vida de Nietzsche podemos comparar à educação atual, visando tanto a crítica quanto a real ideia de educar para a vida.

FILOSOFIA, COTIDIANO E APRENDIZAGEM COOPERATIVA

DANIELE ALVES LEITE — 2024-06-04

O trabalho se trata de um relato de experiência sobre uma célula de aprendizagem
cooperativa, intitulada Filosofia e Cotidiano, desenvolvida no ano de 2020 pelo Programa de
Aprendizagem Cooperativa em Células Estudantis (PACCE) da Universidade Federal do
Cariri (UFCA). Teve como público-alvo estudantes dos cursos de graduação da unidade
acadêmica IISCA (Instituto Interdisciplinar de Sociedade, Cultura e Artes) e suas atividades
nas plataformas digitais, WhatsApp e Google Meet. A célula objetivou construir discussões
acerca da relação filosofia, sociedade e cotidiano, estimulando a capacidade argumentativa e
integrativa dos participantes por meio da metodologia da aprendizagem cooperativa, e surgiu
como inquietação da articuladora diante das políticas governamentais de desmonte e
desvalorização do saber e do fazer filosófico. A Aprendizagem Cooperativa é uma
metodologia ou filosofia educacional que busca romper com o individualismo e a competição
do sistema educacional por meio de uma proposta grupal orientada pelos elementos
interdependência positiva, responsabilização individual, interação promotora, habilidades
sociais e processamento de grupo. A experiência foi exitosa ao promover interação entre os
estudantes da unidade acadêmica IISCA e o protagonismo nas discussões, podendo ser
evidenciado que uma prática filosófica conectada com o cotidiano e a sociedade incomoda aos
que não estão comprometidos com o pensamento crítico.

O PROBLEMA DA EXPLORAÇÃO DO “PATHOS” SOCIAL COMO FUNDAMENTAMENTAÇÃO DA VERDADE NA CRISE DAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS

Francisco José Assunção da Silva — 2024-06-04

O presente artigo tem como objetivo estabelecer algumas aproximações a respeito do problema da presença do “pathos” como fundamentação da verdade no interior do discurso político em momentos de crise social de regimes democráticos. Neste sentido, o artigo procura – tendo como referências teórico-metodológicas as categorias do materialismo histórico-dialético – ensaiar uma aproximação teórica do problema. Esta aproximação busca se orientar no sentido de indicar uma ordem de compreensão das relações entre a crise sociopolítica e o estabelecimento de uma nova ordem de verdade que não se estabelece mais no nível do “ethos”, isto é, de uma reflexão objetiva das necessidades coletivas e de ações conscientes no sentido da resolução, mas na manipulação das expectativas e anseios coletivos que se expressam numa representação falseada da realidade.

Abstract:

This article objective to establish some approximations about the problem of the presence of “pathos” as the fundamentation of the truth inside to political discourse in moments of social crisis in democratic regimes. In this sense, the article looking for – using the categories of historical-dialectical materialism as theoreticalmethodological references – assay a theoretical approach to this problem. This approximation seeks to guide itself in the sense of indicating an order of understanding of the relations between the sociopolitical crisis and the establishment of a new order of truth, it is no longer established at the level of “ethos”, this is, of an objective reflection of the collective needs and of conscious actions towards resolution, but in the manipulation of collective expectations and desires that are expressed in a distorted representation of reality.

O O USO DO DEBATE NO ENSINO DE FILOSOFIA

Fernando Farias Ferreira Riça — 2024-06-04

Sabemos que, por natureza, a Filosofia é um estudo de problematizações. Desde a sua origem, ela ocupou-se de questionar a verdade e a existência das coisas, conforme põe em xeque diversos saberes convencionalmente aceitos pelo senso comum, como os mitos e as religiões. Por ter esse potencial, acreditamos que o debate é um excelente instrumento metodológico para desenvolver a autonomia argumentativa dos estudantes. Esse potencial pode ser realizado a partir de questões que promovam a problematização sobre a política, a ética, o conhecimento, a ciência, as artes etc. Tal experiência é bastante enriquecedora para os jovens, uma vez que eles se apropriam de temas pertinentes à realidade e ao seu cotidiano, examinam posicionamentos diferentes sobre o mesmo problema, tentam buscar soluções plausíveis e aprendem a defender suas ideias de uma forma discursiva e dialogada. Além do mais, o debate é algo tão intrínseco à democracia e à cidadania que torna o uso dessa metodologia quase uma obrigação, visto que o espaço público se realiza através do confronto de ideias e discursos. Uma aula com debates tem o objetivo de melhorar a capacidade argumentativa, incentivar a atitude de pesquisa, desenvolver a atenção para a fala do outro e promover o hábito de pensar soluções para os problemas.

OCHE! O THAUMA CEARENSE: a Olimpíada de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas como despertar para um olhar filosófico sobre o Ceará e Brasil

Erison de Sousa Silva — 2024-06-04

A OCHE é uma olimpíada de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas organizada pelo IFCE (Instituto Federal de Educação do Estado do Ceará) desenvolvida com o objetivo de incentivar a pesquisa educacional e cultural. Com o foco no Ensino Básico, ela prioriza o desenvolvimento de conhecimentos em temáticas regionais. O presente trabalho objetiva compreender o modo como a OCHE contribui para um thauma nos alunos do ensino básico. À vista disso, os questionamentos norteadores deste trabalho são: de que maneira a OCHE contribui com o despertar dos estudantes do ensino básico para problemas e reflexões de temáticas cearenses e brasileiras? Em que sentido a OCHE auxilia na divulgação de reflexões dos clássicos da filosofia ocidental e da tradição filosófica brasileira e cearense para a reflexão regional? Responder tais questionamentos pede uma análise de como a Filosofia Brasileira é entendida nas escolas; também é necessário compreender o que é o thauma e analisar criticamente algumas questões propostas pela OCHE. Entende-se que o presente trabalho tenha importância pelo fato de problematizar assuntos que não estão dentro do escopo tradicional do ensino de filosofia.

PROFESSOR DE QUÊ?? o ensino de filosofia através de projetos culturais e sociais

Paulo Willame Araújo de Lima — 2024-06-04

Aqui, a Filosofia, enquanto conhecimento milenar, não é meta. Ela é meio, é ponte, é caminho possível. Para quê? Para onde? Para uma compreensão de mundo diferenciada. Para uma transformação social... Ela - a “Filosofia" - sequer é uma só, mas sim uma possibilidade dentre muitas, conectáveis ou não. As filosofias não têm apenas um berço, quem dirá um só playground, uma só vertente ou mesmo uma só via de atuação profissional. Uma filosofia é uma chave para leitura, interpretação e transformação do mundo. É neste sentido que se objetiva aqui apresentar alguns dos inúmeros espaços formativos que partiram da filosofia contemporânea e decolonial para tomá-las como veredas rumo a outros mundos possíveis discutindo através da arte e da cultura, dentre outros temas: raça, etnia, gênero, sexualidade, deficiência e diversidades em geral. Nesta apresentação será exposta algumas das muitas ações formativas realizadas através da parceria entre os coletivos Kintal de Afetos e Transpassando, focando principalmente naquelas que contribuíram para formação de estagiários(as) durante o Estágio III da Licenciatura em Filosofia da Universidade Estadual do Ceará - UECE, através do Programa de Extensão Transpassando UECE. Ao final deste texto espera-se deixar nítido a impossibilidade de separar o conhecimento filosófico, com pureza e precisão, do mundo prático e político que está constantemente em disputa. O movimento, observa-se, portanto, é o de unir, misturar, interseccionar a discussão filosófica com as demandas cotidianas, ampliar o alcance da leitura de mundo e o interesse em transformar a realidade coletiva

A ONTOLOGIA CRÍTICA DE PADDY LADD: a crítica aos discursos ideológicos médico-reabilitadores e o eu surdo histórico

Haroldo Peixoto da Justa Junior — 2024-06-04

O filósofo britânico Surdo Paddy Ladd é ainda uma personalidade desconhecida nos centros acadêmicos em Filosofia, mas um referencial de suma importância na disciplina de Estudos Surdos e Educação em Políticas Linguísticas dos Surdos. Paddy Ladd defende a concepção socioantropológica das pessoas com surdez, desvelando que o paradigma da reabilitação tende a impor uma condição de opressão ao sujeito Surdo, quando este não é reconhecido em seu perfil linguístico. As inferências da Língua de Sinais são muito mais que um recurso apreendido para acessibilidade, pois a condição linguística da pessoa Surda é uma decisão livre em assumir seu Ser no mundo. Esta decisão, além de não ser simples, sofre com os condicionamentos sociais. Neste artigo, queremos apresentar como o autor Paddy Ladd faz uso da etnografia cultural, das reflexões foucaultianas e dos aspectos discursivos de dominação pela ciência moderna sobre o corpo da pessoa Surda. As reflexões históricas que estão sendo apresentadas são uma prova fundamental de que sempre existiu uma cultura surda, a qual, em alguns âmbitos sociais, era não apenas respeitada mas também valorizada. A ascensão da ciência moderna buscou incansavelmente impor um paradigma de cura às pessoas Surdas, buscando inclusive apagar a trajetória artísticas e estética de muitos personagens Surdos da história da humanidade.

PIBID E MESTRADO PROFISSIONAL EM FILOSOFIA: uma articulação possível e necessária

Francisco Jose da Silva — 2024-06-04

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), criado em 2010 (Decreto 7.219/10)
e regulamentado no ano de 2013 (Portaria 096/13), é um dos mais importantes programas de incentivo e
formação de futuros docentes. O programa funciona como uma ação educativa e formativa para licenciandos
de diversas áreas, permitindo uma visão panorâmica da vida escolar e do processo de ensino-aprendizagem
como um todo. Uma das especificidades do PIBID é promover a formação do licenciando em um contato
mais próximo da escola, além da criação e execução de projetos, possibilitando uma experiência mais ampla
dos licenciandos na disciplina. O Mestrado Profissional em Filosofia (PROF-FILO), implementado em 2017, tem
como uma de suas exigências para o mestrando a elaboração de um trabalho de pesquisa que seja o resultado
de um processo planejado e efetivado no contexto da prática docente, uma forma de promover a resolução
de problemas através de um processo ativo. Este artigo visa pensar a possibilidade de articulação entre PIBID
e PROF-FILO como forma de otimizar ambas propostas a partir do primeiro possibilitando o licenciando a criar
projetos e iniciar a experiência de sua formação, de tal forma que estes sejam amadurecidos e reavaliados
de forma reflexiva no Mestrado Profissional. Nesse sentido, essa discussão tem, por fim, uma contribuição
para aprimorar estes projetos enfatizando a relevância do PIBID para uma melhor compreensão dos aspectos
específicos da construção do produto educacional, tal como se apresenta no Mestrado Profissional.pagar a
trajetória artísticas e estética de muitos personagens Surdos da história da humanidade

ENSAIO ACERCA DA FILOSOFIA TRANSCENDENTAL KANTIANA

JULIETTE DE SOUSA VASCONCELOS — 2024-06-04

A presente pesquisa tem por objetivo apresentar as bases do pensamento kantiano na construção daquilo que se entende como filosofia transcendental, entendendo que os elementos apresentados são características do método kantiano, presentes e necessários para a compreensão de todas as suas obras. Trata-se, portanto, de um pressuposto teórico para a realização da pesquisa da dissertação de mestrado que visa tratar da relação entre liberdade e dever moral na Fundamentação da Metafísica Dos Costumes de Kant, sob a análise do exame das qualidades inerentes e pessoais do ser humano, que se manifestam de antemão na razão prática e inclui os conceitos de dignidade e dever moral, como pré-condição para determinar uma ação. Desse modo, com a leitura de trechos fundamentais da Crítica da Razão Pura (CRP) e de pesquisadores como Mario Porta, expomos de maneira breve alguns conceitos fundamentais para o problema apresentado na CRP que constitui a chamada Revolução Copernicana do Conhecimento.

NÃO SEI, MAS SEI QUEM SABE”: vivências enquanto recursos metodológicos para o ensino de filosofia

Erminio de Sousa Nascimento — 2024-06-04

O presente artigo considera os conteúdos abordados no minicurso ministrado no III Encontro Cearense de Professores de Filosofia, de 10 a 11 de agosto de 2023, Na Universidade Federal do Cariri (UFCA), em Juazeiro do Norte, Ceará. No evento trabalhamos com “vivências enquanto aporte metodológico para o ensino de filosofia e formação de professores”, enfatizando fios de lembranças tecidos por contrapontos como recurso didático para o ensino de filosofia, tendo por objetivo inventariar vivências para identificar “o quê”, “com quem” e “como” aprendemos o que acreditamos saber para pensar o ensino e aprendizagem. Isso se dá pela mobilização de memórias/experiências que serão convertidas em narrativas filosóficas, recorrendo a concepção de educação para a reflexão, operacionalizando a afirmação socrática: “Conhece-te a ti mesmo”, enquanto esforço pessoal para fazer um exame de si, de vivências, convertendo-as em conteúdo para o pensar. A máxima “Só sei que nada sei”, nesse contexto, será modificada para: “Não sei, mas sei quem sabe” como forma de oportunizar um exame daquilo que sabemos até o instante presente e dialogar com o outro para aprender o que ainda nos é desconhecido.

SOBRE A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO NO PROCESSO EDUCACIONAL EM SALA DE AULA:uma pespectiva a partir de Hegel e Lefebvre

Manoel Messias Rodrigues da Costa — 2024-06-04

O artigo apresenta a pesquisa em Georg W. F. Hegel e Henri Lefebvre sobre a construção do conhecimento. O objetivo é fundamentar e defender a aplicação de um modelo pedagógico baseado nas teorias dos autores no processo educacional. Para lográ-lo, a metodologia aplicada no presente texto se caracteriza pela análise qualitativa e bibliográfica, acrescida das informações obtidas com a atuação de um dos autores do estudo em sala de aula no período de 2009 a 2019. O âmbito bibliográfico do trabalho se fundamenta nos estudos dos intelectuais citados, nos livros Fenomenologia do espírito e Lógica formal Lógica dialética. Já o campo qualitativo se baseia na experiência em salas de aulas do Ensino Médio. A abordagem mostra que o conhecimento humano tem caráter histórico e que todo saber é adquirido. Conclui-se afirmando que para atingir um dado entendimento é mister trilhar uma longa e difícil caminhada, indo desde a ignorância até o conhecimento. Assim, a análise empreendida possibilita a exposição de como o modelo educacional proposto pode ser efetivado na prática, ressaltando que o conhecimento não está posto previamente, tampouco é revelado por completo em um momento específico; ao contrário, requer uma consistente interação, entre professor, aluno e conhecimento.

A PERSPECTIVA CRÍTICA DE THEODOR ADORNO COMO ENFRENTAMENTO DA NOVA ESTRUTURA DO ENSINO MÉDIO

Francisco Atualpa Ribeiro Filho — 2024-06-04

Este estudo visa analisar a perspectiva de Theodor W. Adorno sobre a emancipação no processo educativo e o papel da escola como agente formativo, fundamentado na Teoria Crítica. A proposta examina os conceitosd e semiformação e massificação no contexto da nova estrutura do ensino médio, que homogeneíza oscomponentes curriculares, comprometendo sua identidade. Adorno destaca a necessidade de uma educação emancipadora que se afaste do caráter industrial da cultura, evitando as tendências destrutivas inerentes à educação autoritária. A metodologia predominante é bibliográfica, abordando questões fundamentais, como a capacidade da escola, como agente de transformação social, em formar cidadãos críticos diante da configuração do novo ensino médio. Examina-se também o papel da sociologia nesse contexto, buscandocumprir sua função como área do conhecimento responsável pela análise crítica dos fenômenos sociais, contribuindo para a formação de indivíduos autônomos e amenizando os efeitos do processo de semiformação disseminado pela indústria cultural.

Palavras-chave:

DoCEntes Entrevista: Prof. Dr. John Karley de Sousa Aquino

Gerente Revista Docentes — 2024-06-04

Doutor em Filosofia pelo programa de pós-graduação em filosofia da Universidade Federal do Ceará (UFC).

A FILOSOFIA SARTRIANA E A FORMAÇÃO HUMANA

Rita Bittencourt — 2024-06-05

Em que sentido a filosofia sartriana possibilita um projeto de formação humana? Para responder a essa pergunta, é necessário, compreender a noção de liberdade na filosofia de Sartre, seu fundamento ontológico e como se manifesta fenomenologicamente. O objetivo desta pesquisa é investigar a dimensão ética da formação humana, usando como argumento os conceitos da filosofia sartriana da existência, liberdade e engajamento. Uma vez definido os termos conceituais sartrianos, desenvolveremos uma análise crítica dos paradoxos encontrados no ensino de filosofia e sua transversalidade na contemporaneidade, a fim de instigar reflexões sobre a sua prática docente e sua ação de compreensão do mundo. Dessa forma, buscamos evidenciar como a filosofia existencial sartriana pode apresentar argumentos que estimulem uma prática pedagógica contextualizada na liberdade, capaz de envolver os estudantes, incentivando-os a assumir a construção do seu próprio projeto original e autêntico como parte de um processo na realização de projetos coletivos de engajamento humano.