MATA DOCE: Mulheres Negras, Terreiros e a Resistência
Palavras-chave:
EDUCAÇÃO, LITERATURA, TEATRO, TERREIROSResumo
O presente trabalho objetiva discutir os conceitos de território, negritude e empoderamento feminino na obra literária de Luciany Aparecida, Mata Doce, publicada em 2023. O texto perpassa por questões como conflitos de terras, pertencimento, tragédias e a resistência feminina. A narrativa se configura numa poética que atravessa os campos do simbólico, da subjetividade-feminina, da circularidade do terreiro (GONZALES, 2018). Desta feita, esticamos a obra de Luciany Aparecida nas aulas de História com os alunos do 2 ano de Administração, numa escola de ensino profissionalizante no Estado do Ceará, refletindo sobre as trajetórias das personagens femininas, da simbologia do terreiro (Mata Doce) como arquétipo da resistência, e da espiritualidade afro-brasileira. Assim, essa ação pedagógica se materializou no tecimento de uma peça teatral, que a priori teve como percurso metodológico, a saber: a análise-reflexiva da obra com alunos, dividida em três momentos de conversa. A produção escrita do roteiro e cenário, em dois encontros. E, por último, os ensaios e ajustes finais do cenário. A fabricação da peça, como a sua exposição no espaço da escola, alcança enquanto resultados uma didática que facilita, referência e visibiliza os saberes afrorreferenciados (PETIT, 2015). Além disso, promovendo uma provocação artística-simbólica representada nos traços das vestimentas, da música, do sangue ancestral, da tragédia e da morte. Considera-se que o teatro, e especialmente, teatralizar obras da Literatura Afro-Brasileira enraíza novos saberes, aprendizagens, formas de pensar-vivenciar as diferenças fundamentais para um ensino-aprendizagem antirracista.
Downloads
Referências
APARECIDA, Luciany. Mata doce. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2023.
APARECIDA, Luciany. Entrevista ao jornal Estado de Minas. https://www.em.com.br/app/noticia/pensar/2023/10/28/interna_pensar,1583289/autora-de-mata-doce-o-brasil-esta-fazendo-analise.shtml.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 21 abril. 2025.
BRASIL. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana. Brasília: MEC, 2004.
CRUZ, Manoel de Almeida. Pedagogia Interétnica. Cad. Pesq., Salvador, n. 68, 1987. Disponível em: http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/cp/article/view/1277. Acesso em: 25 abril. 2025.
FONSECA, M. V. A história da educação dos negros no Brasil. Niterói: EdUFF, 2016.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade: a vontade de saber. Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. 11. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2020.
_________________. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. Tradução de Salma Tannus Muchail. 3. ed. Lisboa: Edições 70, 2022.
GOMES, Nilma Lino. Relações Étnico-Raciais, Educação e descolonização dos currículos. Currículo sem Fronteiras, Belo Horizonte, v.12, n.1, p. 98-109, Jan/Abr. 2012. Disponível em: http://www.curriculosemfronteiras.org/vol12iss1articles/gomes.pdf. Acesso em: 24 abr. 2025.
LIMA, Juliana Domingos de. Conceição Evaristo: Minha escrita é contaminada pela condição de mulher negra. Entrevistada: Conceição Evaristo. Nexo Jornal, 26 de maio de 2017. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2017/05/26/Concei%C3%A7%C3%A3o-Evaristo-%E2%80%98minha-escrita-%C3%A9-contaminada-pela-condi%C3%A7%C3%A3o-de-mulher-negra%E2%80%99. Acesso em: 24 abr. 2025.
MUNANGA, K. (Org). Superando o Racismo na escola. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. 2005.
OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; CANDAU, Vera Maria Ferrão. Pedagogia decolonial e Educação Antirracista e Intercultural no Brasil. Educação em Revista, Belo Horizonte, v.26, n. 01, p. 15-40, abr. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/edur/v26n1/02.pdf. Acesso em: 24 abri. 2025.
PETIT, Sandra Haydée. Pretagogia: pertencimento, corpo-dança afroancestral e tradição oral africana na formação de professoras e professores: contribuições do legado africano para a implementação da Lei nº 10.639/03. Fortaleza: EdUECE, 2015.
QUIJANO, A. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Org.). Epistemologias do Sul. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2010. p. 73-118.
SANTOS, R. O que é Racismo. São Paulo: Brasiliense, 1984.
SCOTT, Joan W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Tradução de Christine Rufino Dabat e Maria Betânia Ávila. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71–99, jul./dez. 1995. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/71721. Acesso em: 28 abr. 2025.
TELLES, E. Racismo à brasileira: uma nova perspectiva sociológica. Rio de Janeiro: Relume-Dumará: Fundação Ford, 2003. 347 p.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).