MATA DOCE: Mulheres Negras, Terreiros e a Resistência

Autores

  • Francisco das Chagas Barroso Uchôa
  • Vanderlene de Farias Lima
  • Rogean Rodrigues Souza

Palavras-chave:

EDUCAÇÃO, LITERATURA, TEATRO, TERREIROS

Resumo

O presente trabalho objetiva discutir os conceitos de território, negritude e empoderamento feminino na obra literária de Luciany Aparecida, Mata Doce, publicada em 2023. O texto perpassa por questões como conflitos de terras, pertencimento, tragédias e a resistência feminina. A narrativa se configura numa poética que atravessa os campos do simbólico, da subjetividade-feminina, da circularidade do terreiro (GONZALES, 2018). Desta feita, esticamos a obra de Luciany Aparecida nas aulas de História com os alunos do 2 ano de Administração, numa escola de ensino profissionalizante no Estado do Ceará, refletindo sobre as trajetórias das personagens femininas, da simbologia do terreiro (Mata Doce) como arquétipo da resistência, e da espiritualidade afro-brasileira. Assim, essa ação pedagógica se materializou no tecimento de uma peça teatral, que a priori teve como percurso metodológico, a saber: a análise-reflexiva da obra com alunos, dividida em três momentos de conversa. A produção escrita do roteiro e cenário, em dois encontros. E, por último, os ensaios e ajustes finais do cenário. A fabricação da peça, como a sua exposição no espaço da escola, alcança enquanto resultados uma didática que facilita, referência e visibiliza os saberes afrorreferenciados (PETIT, 2015). Além disso, promovendo uma provocação artística-simbólica representada nos traços das vestimentas, da música, do sangue ancestral, da tragédia e da morte. Considera-se que o teatro, e especialmente, teatralizar obras da Literatura Afro-Brasileira enraíza novos saberes, aprendizagens, formas de pensar-vivenciar as diferenças fundamentais para um ensino-aprendizagem antirracista.

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Publicado

25/09/2025

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